Paul McCartney decidiu revelar algumas informações sobre John Lennon em uma recente entrevista

A separação dos Beatles ainda é um dos acontecimentos mais infames da história da música. Mesmo após décadas, rumores continuam a correr por aí sobre o motivo por trás desse rompimento. Será que a banda realmente se odiava? Em uma chocante entrevista, Paul McCartney foi dolorosamente honesto ao falar a respeito de John Lennon e, bem, os comentários dele não foram muito lisonjeiros...

Beatlemania

É impossível descrever o tamanho dos Beatles em seu auge. A verdade é que a "Beatlemania" dominou a década de 1960. Cada show que o grupo fazia, por exemplo, lotava de jovens gritando em desespero para ter um vislumbre de seus ídolos. De repente, então, tudo acabou.

A separação

Foi McCartney quem aparentemente separou os Beatles para sempre. Em 1970, ele lançou seu primeiro álbum solo, McCartney, e com isso veio um comunicado à imprensa que chocou os fãs. Perguntaram ao astro se ele estava planejando um novo álbum ou single com os Beatles e a resposta foi simplesmente "Não".

Adiamento do álbum

Os jornais imediatamente começaram a noticiar que McCartney havia saído dos Beatles e o resto da banda enlouqueceu. Dessa forma, eles enviaram o baterista Ringo Starr à casa de McCartney para pedir que ele adiasse o lançamento de seu álbum para depois de Let It Be. McCartney, no entanto, ficou com tanta raiva que expulsou Starr.

O incidente

Essa informação veio à tona em 1971, quando um depoimento de Starr foi ouvido em um tribunal como parte do processo legal para a dissolução dos Beatles. O baterista disse: "Fui ver Paul. Para minha surpresa, ele perdeu completamente o controle, gritando comigo, metendo os dedos em meu rosto [e] dizendo: 'Vou acabar com você agora' e 'Você vai pagar'. Ele falou para colocar meu casaco e sair".

Arrependido

Mais tarde, McCartney arrependeu-se do ocorrido. "Na verdade, não houve briga, mas foi quase isso", comentou ele no Beatles Anthology de 2000. "Infelizmente foi o Ringo. Quero dizer, ele provavelmente era o menos culpado de qualquer um deles". As tensões no grupo chegaram ao limite.

John e Yoko

Bem, Lennon estava discretamente tentando deixar a banda há algum tempo. Poderíamos dizer até que ele havia embarcado em uma carreira solo antes de McCartney fazer seu anúncio. Afinal, o astro já tinha cantando algumas faixas com Yoko Ono.

Magoados

Nisso, Lennon chegou a ficar chateado por McCartney ter lançado um álbum solo primeiro - em parte, talvez, porque ele queria ter feito isso. "Ficamos todos magoados pois [Paul] não nos contou que era isso que ele faria", revelou Lennon à Rolling Stone em 1971, apesar de ter afirmado que nunca ficou zangado com essa atitude.

Os últimos dias

Porém, quem foi que de fato colocou um ponto final nos Beatles? Pessoas diferentes disseram coisas diferentes. Em 2009, a Rolling Stone publicou um artigo intitulado de "Por que os Beatles se separaram" o qual tentava chegar ao fundo do que havia acontecido. A revista afirmou que, em 1969, McCartney era o único Beatle "que possuía algum senso de urgência" em relação ao grupo.

Brian Epstein

Ao que parece, a morte de Brian Epstein em 1967 lançou uma escura sombra sobre as coisas. Diversas pessoas acreditam que o empresário foi fundamental para a estabilidade da banda e, sem ele, o grupo acabou se afastando. O detalhe é que, enquanto Lennon achava que a morte de Epstein marcava o fim da banda, McCartney tinha outras ideias.

Magical Mystery Tour

Uma semana após a morte de Epstein, McCartney convenceu os outros Beatles a fazer um novo filme para ser exibido na BBC. Essa produção levou o nome de Magical Mystery Tour e não foi bem recebida. Quando foi ao ar no Reino Unido durante o período do Natal, a mídia não polpou críticas ao filme. Como foi McCartney quem impulsionou o projeto, isso piorou sua posição no grupo.

Yoko Ono x Beatles

E ainda havia a Yoko Ono. Ela passou um mau bocado como namorada de Lennon, visto que o sexismo e o racismo predominavam na época. Vários fãs da banda a odiavam. Os outros Beatles também não gostavam muito dela. Lennon geralmente perdia o controle sempre que alguém ousava opinar durante as sessões de gravação. Ono, contudo, podia fazer isso. Ou seja, é óbvio que o grupo ficou ressentido.

Desistindo da banda

Além disso, os egos daqueles homens estiveram fora de controle durante os últimos dias dos Beatles. O artigo da Rolling Stone de 2009 observou: "Cada um dos Beatles tratou os outros como seus músicos de apoio - o que resultou em algumas espetaculares performances e alguns explosivos momentos no estúdio". Não é à toa que Starr deixou o grupo por algumas semanas e George Harrison tinha aparentemente desistido de vez.

Indo embora

Harrison saiu durante uma sessão de gravação. Ele teve uma briga com Lennon que supostamente contou com até troca de socos. Ao que tudo indica, entretanto, Lennon não se incomodou muito. Isso porque, claro, ele conseguiu que Ono fizesse as partes de Harrison. Os outros dois Beatles não faziam ideia de como agir, porque acreditavam que Lennon também deixaria a banda se eles se envolvessem.

Cinco membros

Lennon lançou a ideia do grupo chamar Eric Clapton para substituir permanentemente Harrison, todavia, isso não ocorreu. Os Beatles conseguiram se reconciliar em seguida, embora as tensões continuassem por lá. Outra coisa é que os membros da banda se ressentiam profundamente do status de Ono como o "quinto Beatle".

Abbey Road

Assim, o icônico álbum dos Beatles, Abbey Road, foi lançado em setembro de 1969. Aquele foi, sem dúvida, o último ato do grupo. No mesmo mês, Lennon tocou no Toronto Rock and Roll Revival com Ono e Eric Clapton. Ele, inclusive, parecia preferir a companhia deles à de seus companheiros de banda.

Processo de divórcio

De acordo com a Rolling Stone, o cantor soltou algo chocante logo depois desse show. Quando McCartney comentou em uma reunião que os Beatles deveriam voltar à estrada, Lennon supostamente respondeu: "Acho que você está doido. Não ia falar nada, mas estou acabando com o grupo. Me sinto bem. É como um divórcio".

Fechamento de ciclo

Se Lennon realmente disse isso é um mistério. No ano seguinte, ele fez declarações as quais indicavam que a banda ainda estava junta e cheia de planos para o futuro. Harrison, ao que parece, também queria que os Beatles voltassem a fazer shows. No entanto, o álbum solo e o "Não" de McCartney encerraram completamente esse capítulo.

A morte de Lennon

Todo mundo sabe o resto da história. Lennon foi baleado e morto em 1980, quando estava voltando ao mundo da música. Em todos os cantos do planeta, os fãs lamentaram e prestaram homenagem ao astro. Os Beatles podiam até ter se separado, mas a partir daquele momento tudo havia de fato acabado.

A morte de Harrison

Depois de alguns anos, em 2001, Harrison acabou falecendo em decorrência de um câncer. Após a morte de seu ex-companheiro de banda, McCartney divulgou a seguinte declaração: "Sabíamos que ele estava doente há muito tempo. Ele era um cara adorável, um homem bastante corajoso e com um maravilhoso senso de humor. Ele é realmente meu irmãozinho".

Sonhos

McCartney e Starr seguem vivos, porém, McCartney é o mais público e ativo dos dois. Em 2020, ele deu uma detalhada entrevista à revista GQ e contou mais a respeito de seus antigos companheiros de banda. O cantor revelou até que ainda sonhava com eles de vez em quando.

Só trabalho

McCartney falou à revista: "A questão é que, eu como artista, penso que os sonhos geralmente estão relacionados a um show, a se preparar para uma apresentação ou a estar em um estúdio de gravação. Eu acho que muitos artistas são dessa maneira. Portanto, muitas vezes, John ou George estarão lá".

Agradáveis tempos

Ele continuou: "O bom é que você de fato não pensa em nada disso. É apenas normal, como 'Ah, sim?' e está conversando [e] falando sobre o que vamos fazer, como gravar um disco ou algo assim. Então, [John] sempre está lá, fico feliz em dizer... Normalmente é agradável demais, sabe? Eu amo esses rapazes".

De volta ao rompimento

Contudo, apesar dessa comovente declaração, McCartney também possui algumas lembranças de tempos menos agradáveis. Ele entrou em detalhes acerca da infame separação dos Beatles durante uma conversa em 2021 com o jornalista John Wilson. A entrevista foi transmitida como parte da série This Cultural Life da BBC Radio 4.

A banda de McCartney

O cantor expôs que o fim dos Beatles foi o "período mais difícil" de toda a sua vida. Seu desejo era que o grupo prosseguisse, especialmente porque eles continuavam a fazer "coisas muito boas" naquele momento. "Era minha banda, era meu trabalho, era minha vida, por isso eu queria que seguisse", declarou McCartney.

Desabafo

Desse modo, o astro afirmou que a culpa era de Lennon. "O ponto disso, na verdade, foi que John estava construindo uma nova vida com Yoko", disse ele. "John sempre quis se libertar da sociedade porque, você sabe, ele foi criado por sua tia Mimi, que era bastante repressiva, daí ele estava sempre procurando se libertar".

Apontado como culpado

McCartney, a propósito, discutiu a respeito do fato de ter sido apontado como o culpado por aquele rompimento. "Eu tive que viver com isso porque era isso que as pessoas viam. Tudo o que posso fazer é dizer 'não'... Não sou a pessoa que instigou a separação. Não, não, não. John entrou em uma sala um dia e disse que estava deixando os Beatles. Isso é instigar a separação ou não?", ele falou enfaticamente.

O princípio do fim

McCartney revelou a Wilson que, depois disso, o grupo ficou confuso sobre como exatamente eles ficavam. O empresário deles, Allen Klein, obrigou os quatro a manter tudo longe da imprensa. "Foi estranho porque todos nós sabíamos que era o fim dos Beatles, mas não podíamos simplesmente ir embora", explicou o cantor.

Farto

Na entrevista, McCartney lembrou de Klein como alguém "duvidoso' e acrescentou: "Naquela época, estávamos tendo pequenas reuniões e era horrível. Era o oposto do que éramos". Entretanto, segundo o astro, ele cansou de esconder e resolveu contar tudo.

Processo judicial

Quanto ao processo judicial, McCartney recordou-se: "Eu precisei enfrentar e o único jeito de enfrentar era processando os outros Beatles porque eles estavam com Klein. Eles me agradeceram por isso após alguns anos. Todavia, eu não instiguei a separação. Essa pessoa foi o nosso Johnny chegando um dia e dizendo: 'Estou deixando o grupo'".

Enorme força

O astro esclareceu, no entanto, que não estava tentando reacender a velha rixa entre ele e Lennon. McCartney adicionou: "[John] queria ficar em um saco e deitar por uma semana em Amsterdã pela paz. Não dava para argumentar com isso". Aliás, ele não culpou Ono, tanto que comentou: "Eles eram um ótimo casal. Havia uma força enorme lá".

Quatro partes

Quanto ao lado de Lennon da história do rompimento dos Beatles? Obviamente, agora ele não pode mais falar por si, porém, expôs algumas informações à Rolling Stone em 1971. O entrevistador questionou: "Sempre se falava dos Beatles - e os Beatles falavam acerca de si - como sendo quatro partes da mesma pessoa. O que aconteceu com essas quatro partes?".

Quatro indivíduos

Lennon respondeu: "Elas se lembraram de que eram quatro indivíduos. Nós também acreditávamos no mito dos Beatles. Não sei se os outros ainda acreditam nisso. Éramos quatro caras... Éramos somente uma banda que se tornou muito, muito grande, só isso. Nosso melhor trabalho nunca foi gravado".

Esgotados

O cantor acrescentou: "Você sabe que Brian [Epstein] nos colocou em ternos e tudo mais e nós tornamos isso muito, muito grande. Contudo, ficamos esgotados. A música já estava morta antes mesmo de fazermos a teatral turnê da Grã-Bretanha... É por isso que nunca melhoramos como músicos; nós nos matamos para fazer isso".

A morte de Epstein

"Os Beatles se separaram depois que Brian morreu", prosseguiu Lennon. "Fizemos o álbum duplo. É como se você tirasse cada faixa e a tornasse toda minha e de George. É como eu já disse várias vezes: era apenas eu e um grupo de apoio, Paul e um grupo de apoio. Eu gostei. Daí nós acabamos".

Assumindo o controle

Entretanto, Lennon também acreditava que McCartney tinha tentado "assumir" a banda após a morte de Epstein. "Não sei quanto disso quero divulgar", revelou ele à Rolling Stone. "Paul possuía a impressão - ele tem isso agora como um pai - de que deveríamos ser gratos pelo que ele fez para manter os Beatles funcionando. Todavia, quando você olha para trás de forma objetiva, ele prosseguiu para o seu próprio bem".

Perdidas obras

No momento, no entanto, McCartney parece ser o guardião do legado dos Beatles. Na entrevista de 2021 à BBC, ele mencionou que havia encontrado recentemente uma música não gravada chamada "Tell Me Who He Is". Talvez a canção tenha sido uma parte do "melhor trabalho" de que Lennon tinha falado.

Colaborações

McCartney não só achou essa faixa, como também encontrou uma perdida peça escrita por ele e Lennon. "Durante anos, venho dizendo às pessoas que eu e John escrevemos uma peça", explicou o astro. "É uma coisa muito engraçada chamada Pilchard e trata do Messias, na verdade". Isso, porém, não é tudo.

As Letras

Em novembro de 2021, McCartney lançou um livro chamado As Letras, o qual é um trabalho autobiográfico contendo inúmeras fotos e cartas inéditas. Ele falou em um comunicado à imprensa que esperava que o exemplar "mostrasse às pessoas algo sobre [suas] canções e [sua] vida que elas nunca viram antes".

Até o fim

Ainda tem tempo para McCartney revelar mais a respeito dos Beatles. Uma das informações mais impressionantes em relação a Lennon e ao fim do grupo, por exemplo, veio à tona na entrevista da GQ. McCartney contou que, antes de Lennon morrer, os dois finalmente resolveram suas "discussões familiares". O cantor acrescentou: "Pude ver [John] e falar com ele em diversas ocasiões. Assim, fomos amigos até o fim".

Entre lágrimas e risos

Mesmo com seus incontáveis altos e baixos, parece que os membros daquela banda simplesmente não conseguiam ficar bravos uns com os outros. Depois da morte de Lennon, o restante do grupo se encontrou em 2001 já sabendo que Harrison não possuía tanto tempo de vida. O médico do músico, Gil Lederman, expôs: "Houve algumas lágrimas, mas houve mais risos do que qualquer outra coisa".

Animado encontro

"Foi um encontro animado, e não sombrio", continuou Lederman. "Contou com muitas risadas e muita diversão. Eles passaram horas relembrando as coisas... No final, após Paul e Ringo terem ido embora, [George] estava bem e tranquilo. Ele era um homem muito feliz. Essa reunião significou muito para ele".

De mãos dadas

"Nós demos as mãos", revelou McCartney. "É engraçado que, mesmo no auge da nossa amizade - como rapazes -, nunca demos as mãos. Simplesmente não era uma coisa de Liverpool". Contudo, com ambos sabendo que Harrison não estaria ali por muito mais tempo, eles deixaram de lado quaisquer desatualizadas noções acerca do que os homens podem ou não fazer. Como McCartney disse, "foi adorável".