Este idoso voltou ao lar de sua infância para achar a herança da família que foi escondida por lá

Apesar de seus 83 anos, Rudi Schlattner conseguia lembrar do lar de sua infância como se fosse ontem - e não só por guardar carinhosas lembranças de lá. A verdade é que, décadas atrás, o pai de Rudi contou a ele que havia algo escondido nas paredes daquela primeira casa em que morou. No entanto, embora não houvesse provas de que aquilo fosse de fato real, Rudi não parou até descobrir a verdade.

Sua primeira casa

Aquele mistério atormentou a cabeça de Rudi, pois retornar após 70 anos à casa onde passou sua infância era praticamente um sonho impossível. Por sorte, havia algumas pessoas que podiam ajudar a transformar esse sonho em realidade.

O guardião de memórias

Na época, os Schlattners ficaram arrasados por deixar sua majestosa residência em Ústí nad Labem, na República Tcheca. Porém, eles tiveram pouca escolha. Em 2015, Rudi foi o único que restou para contar acerca das provações que sua família passou. Aliás, ele certificou-se de que as gerações mais jovens soubessem de seu conturbado passado - e também de sua decisão que virou seu mundo de cabeça para baixo.

Limpeza étnica

Logo depois da Segunda Guerra Mundial, os líderes tchecoslovacos voltaram e ressentiram-se da Alemanha por assumir com força bruta o controle de seu país. O presidente Edvard Beneš vingou-se, então, ao pôr um fim em todos os alemães étnicos da Tchecoslováquia - mesmo aqueles que estiveram na sociedade tcheca a vida toda.

Desabrigada família

Portanto, o garoto de 13 anos e sua família não tiveram outra escolha a não ser fugir o mais rápido possível para que não fossem pegos pelos militares. Dessa forma, eles carregaram apenas algumas malas, deixando a maior parte de seus pertences para trás. Contudo, o pai de Rudi, o Sr. Schlattner, tinha um truque na manga.

Um esconderijo

Após uma vida como um rico comerciante, o pai de Rudi sabia bem armazenar objetos de valor. Tanto que ele disse ao seu filho que todos os pertences deles estavam guardados em algum lugar no grande sótão de sua antiga casa. Entretanto, será que realmente havia algo lá?

Confisco pós-guerra

Foi uma jogada inteligente. Afinal, com o fim daquela disputa internacional pelo poder, as nações europeias não viram problema em confiscar a propriedade privada daqueles cidadãos expulsos. Se tivessem sorte, os Schlattners poderiam ao menos voltar para casa e recuperar seus bens.

A divisão de Berlim

Infelizmente, o destino possuía outros planos para aquela família. Com a construção do Muro de Berlim, eles acabaram ficando isolados na parte da Alemanha que era controlada pelos estadunidenses, a Alemanha Ocidental. Assim, os pais de Rudi nunca mais voltaram a ver a Tchecoslováquia.

Em busca de ajuda

Compreensivelmente, o desejo que Rudi tinha de encontrar a herança de sua família nunca foi abalado. Dessa maneira, depois que o Bloco do Leste voltou a se abrir ao mundo, ele procurou por Václav Houfek, diretor do Museu Municipal de Ústí nad Labem, para saber o que havia acontecido com sua antiga casa.

Um novo propósito

Václav teve o prazer de informar que o local ainda se encontrava em um fantástico estado. Embora a residência tenha virado um jardim de infância, ninguém jamais havia reformado o sótão, o qual parecia basicamente o mesmo dos anos 40.

A dúvida

A revelação animou demais Rudi. Será que todas as relíquias de sua infância realmente estavam lá esperando por ele? Ele precisava descobrir! Por isso, trabalhando em conjunto com o Museu de Ústí, ele retornou àquele sótão.

À procura

Por mais familiares que aquelas empoeiradas tábuas fossem, Rudi não conseguia reparar em nenhum sinal que indicasse onde os pertences de sua família estavam. Ele e alguns pesquisadores até bateram nos painéis de madeira com um martelo, todavia, não localizaram nenhum ponto oco.

Uma corda

Felizmente, uma memória enterrada nas profundezas da consciência de Rudi voltou em detalhes a ele. Aquele homem lembrou de seu pai dizendo que só era possível abrir o compartimento se puxasse uma pequena corda. Então, Rudi avistou uma parte daquela corda pendurada entre duas tábuas.

Nuvem de poeira

Desse modo, ele puxou a corda e, após uma nuvem de poeira cair, Rudi enfiou sua cabeça naquele espaço para dar uma olhada. Surpreendentemente, os pertences da família Schlattner ainda estavam lá depois de todos aqueles anos! Pilhas de caixas encontravam-se intocadas e Rudi mal podia esperar para ver quais tesouros elas guardavam.

Monte de caixas

Desse jeito, o pessoal do museu carregou a herança de Rudi em um caminhão e a levou para ser analisada. Enquanto cortavam o papel ao redor da primeira caixa, eles rezavam para que os itens dentro dela ainda fossem reconhecíveis.

Antigos pertences

No entanto, aquela equipe logo se tranquilizou. Até porque, o conteúdo do sótão dos Schlattners retratava com exatidão a vida na Tchecoslováquia da década de 1940. Rudi, por sinal, estava enxugando suas lágrimas enquanto segurava bonecos e brinquedos que eram seus favoritos na infância.

Conservados cosméticos

A verdade é que o pai dele tinha empacotado quase tudo o que a família possuía. Inclusive, os frascos com maquiagem e remédios sugeriam que os pais de Rudi não esperavam passar tanto tempo longe de seus pertences. De toda forma, havia mesmo um verdadeiro tesouro lá.

Arte de Stegl

Ali estavam muitas pinturas de Josef Stegl, um famoso artista tcheco que viveu com os Schlattners por um tempo. Caso o pai de Rudi não houvesse escondido tudo aquilo, as obras-primas de Stegl poderiam ter sido levadas por saqueadores.

O legítimo proprietário

Em meio a essa alegria, Vaclav teve uma má notícia para Rudi: nenhum daqueles itens realmente pertencia a ele. A opressiva política antialemã do presidente Beneš alegava que qualquer item abandonado era propriedade do Estado tcheco. Rudi, porém, não se importou.

O legado da família

Por fim, aquele homem encontrava-se orgulhoso de apresentar o passado de sua família no Museu de Ústí. A exibição daqueles artefatos estava fazendo parte de um esforço em toda a Europa para iluminar as esquecidas histórias da Segunda Guerra Mundial. Contudo, ao contrário de Rudi, muitos passaram a se deparar com locais secretos por meio de estranhos acidentes.

Pura história na garagem

A história bateu à porta de Simon Marks um ano após a descoberta de Rudi. O residente da cidade de Luton, na Inglaterra, passou por um acidente em sua própria garagem em um sábado e já ficou triste só de pensar que seu fim de semana estava acabado. Até, claro, ele analisar os estragos.

Como Simon tinha compromisso à tarde, ele estava saindo com sua Zafira Vauxhall preta para fora da garagem quando, de repente, sentiu uma guinada para frente. De início, os danos foram ruins - bem ruins.

Preocupado com o buraco que havia acabado de abrir na área da sua casa, Simon tirou algumas fotos da cratera sob o pneu de seu carro e as enviou para seu pai, Gerald, o qual foi lá para ajudar. "Eu estava com medo de que a casa inteira desabasse", revelou ele.

Entretanto, quanto mais Simon olhava, mais ele percebia que talvez aquilo fosse algo além de um sumidouro ou um "quintal mal construído". Assim, cuidadosamente, ele começou a remover as rachadas placas de concreto - e ficou surpreso com o que viu.

Descendo pela escuridão do que ele chegou a pensar que seria um enorme problema para sua carteira estava uma velha e enferrujada escada. Rapidamente, portanto, Simon e Gerald decidiram começar a cavar.

Como eles não possuíam sofisticadas ferramentas e máquinas para auxiliar na escavação daquele buraco que, conforme o The Sun, estava "praticamente cheio de barro", os dois usaram pás e baldes.

Enquanto cavavam, a pilha de terra ao lado só crescia. O mais estranho disso é que a agência nacional de mapeamento, a Ordnance Survey, não foi capaz de esclarecer o que poderia estar sob a garagem de Simon. De acordo com os relatórios, não havia nada além de um terreno baldio antes da construção da casa.

Dessa maneira, Simon e Gerald removeram cerca de 1,5 m de barro - o suficiente para que descessem e inspecionassem o espaço. Gerald, a propósito, tinha um palpite do que aquilo poderia ser, embora precisasse ver de perto para confirmar...

Sem ter certeza do que encontrariam, os dois homens desceram pela escada. Quando chegaram ao fundo daquela câmara e firmaram os pés no solo, eles resolveram circular pelo local - e deram de cara com algo totalmente inusitado.

Ali na frente deles havia uma esquisita entrada. Não sabendo se era seguro passar por aquele misterioso corredor, Simon deu um jeito de conferir. "Peguei meu bastão de selfie", contou ele, "e posicionei no buraco onde vi duas salas".

Bem, o palpite de Gerald foi confirmado. "[Quando] meu pai viu, ele imediatamente disse que era um abrigo antiaéreo", comentou Simon. "Nós procuramos no Google e descobrimos que há muitos nessa área".

Depois de pesquisar, Simon presumiu que o abrigo tinha sido construído durante a Segunda Guerra Mundial após uma bomba ter caído perto da casa. Aliás, essa era uma boa teoria por várias razões...

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Alemã conduziu uma série de bombardeios contra o Reino Unido e seus aliados. Desse modo, a unidade aérea atacou Liverpool, Birmingham e algumas partes de Londres que não ficam muito longe da casa de Simon.

Saber que uma bomba poderia cair a qualquer momento levou as autoridades e os cidadãos no geral a construírem esses abrigos antibombas. No começo, estações de metrô, porões e adegas serviam de proteção, todavia, nos anos 40, abrigos comunitários precisaram ser feitos.

Quando havia uma ameaça iminente de bombardeio, as autoridades acionavam as sirenes de ataque aéreo, alertando para que as pessoas se dirigissem a um desses abrigos. Muitos deles foram até reforçados com tijolos, exatamente como aquele na garagem de Simon.

Ali, inclusive, no meio dos escombros da maior câmara, havia diversas preservadas peças históricas. O jornal apresentado na imagem, por exemplo, deixou bem claro o que estava ocorrendo no período em que o abrigo antiaéreo de Simon foi construído.

Esta garrafa de leite, cheia até a borda com barro endurecido, também oferecia um pequeno vislumbre do passado. Será que alguém usufruiu daquilo enquanto aguardava as bombas caírem?

Enfim, quem construiu a casa de Simon acabou fazendo a garagem em cima do abrigo. Quando as dobradiças daquela entrada finalmente enferrujaram, a porta caiu dentro da câmara. Logo, era uma questão de tempo até que o concreto desmoronasse lá para dentro.

"É incrível pensar que tudo isso foi feito à mão", falou Simon sobre o abrigo. "Faz parte da nossa história [e] por isso deve ser mantido". Simon e Gerald, então, esperavam que o abrigo antiaéreo fosse estruturalmente resistente para que pudessem preservá-lo ali.